Terrimar
Aqui a terra funde-se num oceano sem fim Aqui descem estrelas ao chão durante a noite E erguem-se escarpas do fundo do mar Até onde o olhar é capaz de ver Do alto vemos formigas tontas a correr: Somos nós, onde tudo é simples e pequeno E rolámos como grãos de areia na praia Eu fecho os olhos, sinto uma Paz Difícil de explicar em palavras Mas fácil de deixar que me envolva Oh Deus, mas que obra aqui Tens Temo que a vida seja curta E todo o tempo não chegue Para poder, convenientemente, apreciar Esta terra que se funde, num oceano sem fim
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Caminho por entre as dores
Desejos e defeitos Caminho por entre os passos Gestos simples imperfeitos Caminhando vou sentindo Pelas tuas mãos os Céus Caminhando chuva e sol Em tudo o toque de Deus Somos o que da estrela resta Duas almas no mesmo Tempo Sem passado sem futuro Caminhamos no Momento Ao Mar os pensamentos que consomem
Para que se dissipem no seu fundo Ao Mar os sonhos que nos envolvem Para que se espalhem pelo mundo Ao Mar os beijos que se perdem Para que se encontrem no cais Ao Mar as tristezas que nos tombam Para que não voltem, nunca mais Não sei se sou livre
Caso contrário, porquê esta vontade de escapar? Se fosse livre, não seriam livres de julgamento os meus pensamentos? Então porque crio barreiras nos meus próprios sonhos? Será que sou como aquele pássaro enjaulado à nascença Que agora, mesmo solto, se recusa a voar? Terei eu me habituado de tal forma à jaula Que não me acho digno de sair e voar? Terei passado o momento e agora é tarde de mais? Como faço então para me sentir verdadeiramente livre? Se agora parece...tarde de mais Se agora pareço fora de tempo Como um relógio, ora atrasado, ora adiantado Como um instrumento que teima em desafinar... Serei carta fora do baralho? Serei uma nota dissonante numa harmonia? Será que temo a liberdade de ser quem sou? Será que receio ser eu próprio? Poderão todos estes anos de luta Terem-me tornado num pobre resignado? Ou estarei apenas cansado? Nem sempre sou capaz de apreciar a beleza: o nascer do sol, as nuvens, a noite a cair, o silêncio, o som das aves...
Nem sempre consigo ser mais forte do a ansiedade, o cansaço... Nem sempre sou forte, nem capaz de me levantar e, muito menos, de levar outros a isso... Nem sempre sou alegre, nem tenho vontade de sorrir, nem de me deixar encantar... Nem sempre sou capaz de bons gestos... Nem sempre sou de dar... Por vezes...só quero desistir Que me deixem cair Não me ajudem a levantar... Por vezes...quero ser fraco, temer, esquecer a coragem Deixem-me estar... Talvez...não sei Depois penso em tudo isto...e não sei o que pensar Ou então...não estarei somente a ser Humano? Os Planos são só isso: planos.
Podem incluir prazos, ideias, intenções, objectivos, pressupostos... Mas nada mais. São planos porque não são ações que se concretizaram. Um pensamento pode passar a ideia, mas se não for convertido numa ação...não deixa de ser um pensamento. Assim são os planos. E ainda bem que assim são, pois significa que podem ser alterados. Os planos não deixem de ser ideias para se efetuar determinada ação. O importante portanto, não é qual o plano, mas realizar a ação. Custa falhar um plano, porque não se concretizou uma acção, mas o pior, é desistir de uma ação, somente porque o plano não correu conforme planeado. Mas a Vida é mesmo assim, não se restringe aos "nossos planos"...só temos de aceitar, que por vezes, temos de estar abertos a seguir outros caminhos. Porque sofrer com isso, é como sofrer por hoje estar sol ou chuva... Não quero saber do que dizem os jornais
Não quero saber que programas têm mais audiência Não quero saber qual o produto mais vendido Não quero saber qual a peça de roupa que está na moda Não quero saber quem joga no fim de semana Não quero saber qual o último escândalo com vips Não quero saber quem são os Vips Não quero saber quais os assuntos trend da atualidade Não quero saber quais os descontos do dia Não quero saber quais os livros mais lidos do mês Não quero saber quais as músicas mais tocadas da semana Não quero saber... Pode ser? Sonhos caídos
A noite a cair E com ela tudo o que já sonhei Horas amargas Foi tudo o que eu encontrei Ao longe o sino Diz que são horas de voltar De pés assentes De volta ao meu lugar E hoje aqui Não encontro paz em mim Perdido no tempo Sinto-me tanto assim Sombra no escuro Do que nunca cheguei a ser Linha em branco Sou um livro por escrever Sonhos caídos De um poeta que tombou Pelas palavras Que o coração guardou Não somos mais que um sopro
Não somos mais que as pedras Não somos mais que ninguém Somos apenas momentos Somos apenas memórias Somos apenas o que nos une O que foi até agora é memória Que nos aquece a alma Nos momentos mais frios O que foi até agora é o que somos E que vai definir em grande parte O que a partir de agora o será A tristeza que me invade nasceu da alegria, por mais contraditório que pareça. Por isso olho, para tudo como se fosse a última vez...porque nunca se sabe... Não tenho escrito, é verdade...
E quando penso no motivo, tudo se resume a uma falta de vontade... Não é falta de vontade de escrever, isso não falta... Mas a uma vontade de me mexer, de me levantar, de me sentir capaz... Curiosa, esta sucessão de acontecimentos... E triste... A Verdade é que quando algo nos consome demais, vamo-nos dissipando nas horas dos dias...e as noites não são suficientes para nos recarregar as forças... Vamo-nos deixando levar por uma sensação de peso...que nos vai começando a impedir os movimentos... Mal me levanto, o que mais me apetece é deitar... A cabeça parece pesada, as mãos colam-se ao chão.... Estou cansado: digo, penso e sinto...demais... Tenho de ser honesto: a culpa é minha... Deixei isto acontecer... Deixei voltar a acontecer... Fui aguentando as horas, fui aguentado bestas e cabrões... Fui aguentando tretas e merdas... Meti na cabeça que tinha de ser, que era temporário, que era uma meio para atingir um fim: a minha Liberdade... Tretas... Só me foderam o juízo... Perdi anos de Vida, é o que sinto agora... . Peço desculpa, deixei levar-me pelo momento, por uma espécie de réstia de raiva. Sim, réstia, pois é algo que bani... Pois no passado a raiva tomou conta de mim uma noite... E não foi bom... Mas não foi isto que me levou a escrever hoje, hoje escrevo porque não tenho escrito. E o melhor para fazer quando não se escreve? Escrever... Escrever como respirar, acordar, dormir, tossir e outros verbos...que ficam mal escrever! . Liberdade, é o que procuro. Não "fazer o que quero", "fazer o que me apetece" no sentido negativo que a maior parte das pessoas lhe emprega. Mas liberdade no sentido de poder ser Eu. Do meu "Eu" poder existir, todos os momentos da minha Vida. Só quero poder ser eu...será crime? |
?Porque escrever é para mim como respirar...Só assim me sinto Vivo. Histórico
Maio 2022
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