Não sei se sou livre
Caso contrário, porquê esta vontade de escapar? Se fosse livre, não seriam livres de julgamento os meus pensamentos? Então porque crio barreiras nos meus próprios sonhos? Será que sou como aquele pássaro enjaulado à nascença Que agora, mesmo solto, se recusa a voar? Terei eu me habituado de tal forma à jaula Que não me acho digno de sair e voar? Terei passado o momento e agora é tarde de mais? Como faço então para me sentir verdadeiramente livre? Se agora parece...tarde de mais Se agora pareço fora de tempo Como um relógio, ora atrasado, ora adiantado Como um instrumento que teima em desafinar... Serei carta fora do baralho? Serei uma nota dissonante numa harmonia? Será que temo a liberdade de ser quem sou? Será que receio ser eu próprio? Poderão todos estes anos de luta Terem-me tornado num pobre resignado? Ou estarei apenas cansado?
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Procurar o que não se vê, encontrar o que poucos procuram
Sentir mais Querer viver mais Por vezes, isto até parece pecado... Mas, por favor, não julguem se não compreendem... Sim, deve fazer confusão, mas somos todos Humanos, todos feitos de pó cósmico...então porquê essa constante vontade, necessidade, de rebaixar os que percorrem outros caminhos? Ou que ainda estão a tentar? Sim, somos almas irrequietas, mas não porque escolhemos, mas antes, porque decidimos aceitar a realidade. Ninguém é mais, ninguém é menos. Uns decidem, outros procuram quem por eles decida... E depois, há aqueles momentos...em que se pára...não se decide... Apenas uma necessidade de parar, escutar o vento a embalar as árvores, a chuva a cair... Não é assim a Natureza que nos rodeia? Não fazemos nós parte dela? Será que ter uma alma irrequieta, não é, no fim de contas, deixar que a Alma se exprima? E as outras é que vão sendo amordaçadas, abafadas, ocultadas... Almas irrequietas...quem as não tem... Depois de anos de dedicação à industria do vestuário, Maria e Albertina ficaram desempregadas.
Maria diz compreender a situação, entendendo o facto de terem sido substituídas por novos modelos, ao contrário de Albertina, que se diz magoada com toda esta situação: "Ao fim de todos estes anos, vou fazer o quê agora?" - Diz Albertina, acrescentando ainda que, se tivesse olhos, veríamos lágrimas a verter. "Estamos a tentar manter a calma, para não perdermos a cabeça" - Diz Maria, e Albertina dá uma valente gargalhada. - "Só tu Maria, para me fazeres rir", diz Albertina. Quando lhes pergunto o que vão fazer a seguir elas respondem: - "Filho, olha bem para nós. Vamos continuar aqui sentadas até que alguém nos tire daqui...ou estás a ver algumas pernas?" Eu peço desculpa, agradeço a conversa e estou a ir embora quando elas me chamam e diz Albertina: - "Olha, e uma fotozinha aqui das manas? Ao menos que alguém saiba como somos realmente. Foram muitos anos a sermos usadas, a representar, a fazerem de nós quem não éramos. Agora queremos que nos vejam como realmente somos, que gostem de nós como realmente somos. " Eu digo que sim, claro que sim. "Na verdade queríamos era fazer uma selfie, mas o modo "beauty" não funciona se não tiveres cabeça" - diz Maria. Só me resta desejar-lhes as maiores felicidades...e se as virem por aí...mandem-lhe cumprimentos. Boa sorte e até um dia Maria & Albertina |
?Porque escrever é para mim como respirar...Só assim me sinto Vivo. Histórico
Maio 2022
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